domingo, 18 de outubro de 2009

100% PROPAGANDA ENGANOSA

Nestes dias de 2009, ao parar em semáforos da região do Butantã ou passar pelas Bancas de Jornal da Granja Viana, os cidadãos e cidadãs recebem gratuitamente impressos ditos “jornais”.

Meros panfletos com fundo publicitário burlando a rejeição de muitos a recolherem e lerem propagandas simples e diretas de lançamentos imobiliários dos mais diversos tipos.









Enormes gastos antiecológicos com papéis e impressão que muitas vezes são atirados nas lixeiras e nos lixões sem reciclagem.

Antes de citar alguns exemplos, vou tecer algumas considerações importantes para facilitar o entendimento de todos:

A moda ecológica de certa forma cria uma obrigação aos empreendedores: a de se dizerem ecologicamente corretos, mesmo que seus empreendimentos destruam grandes áreas remanescentes de Mata Atlântica e ecossistemas outros, típicos da região Sudeste.

Muitos destes escosistemas ainda estavam em recuperação desde outros períodos de desmatamento, recompondo a vegetação nativa e abrigando espécies animais. Um caso recente é o enorme desmatamento feito pela empresa de nome fantasia “Alphaville Granja Viana” para colocar e vender um empreendimento localizado na Avenida São Camilo, já no Município de Carapicuíba, mas ainda na região imobiliária da Granja Viana.

Nos Estados Unidos, os ecologistas estudaram o modus operandi implícito nas publicidades em geral.

Constataram a existência de um fenômeno burlativo para esconder a real face dos produtos e empreendimentos, incluindo as obras e os procedimentos ligados aos governos e ao poder público.

Assim, denominaram este fenômeno de “greenwashing”, em tradução direta, “lavar com o verde”, ou em tradução explicativa, literal, “usar o verde para lavar”, ou seja: usar a moda ecológica e a demanda preservacionista, para esconder ou lavar exatamente sua real intenção lucrativa que é antiecológica.

Coisas como: “empreendimento sustentável”, “sustentabilidade ambiental”, “respeitar a natureza é criar o maior parque da região”, são ditas agora para esconder o grande impacto ambiental e urbanístico gerado pela especulação dos empreendimentos imobiliários.

A meu ver, trata-se de mera propaganda enganosa para vender algo escondendo a realidade que os compradores enfrentarão depois de pegos na rede contratual.

Um espécime destes, por exemplo, intitulado "Expansão São Paulo", mostra em matéria intitulada em tom ufânico: “Cotia se Expande”, foto da SP 270, Rodovia Raposo Tavares na altura do Km 39, com transito leve de veículos, amplamente “livre” de congestionamentos, insinuando a expansão oeste como alternativa ao caos urbano da Capital, de olho em outras áreas aquém da já congestionada Cotia, potenciais locais para novos empreendimentos imobiliários e industriais talvez.

Ledo engano, propaganda enganosa.

Pois, esconde mesmo no texto acima da foto a real condição diária da SP - 270 no sentido Capital, pela manhã, e igualmente precária no sentido Interior ao anoitecer.

Outro afirma que “todos ganham com o crescimento da cidade”, referindo-se a Cotia.


Porém, Cotia é um Município sem infraestrutura eficaz de Saúde, de vias públicas, de saneamento, de distribuição de água, de transportes públicos e de segurança pública, cujo crescimento rápido e desordenado apenas fará aumentar a demanda por serviços essenciais sem contrapartida visível pelo poder público.
Mas os congestionamentos são frequentes entre Cotia e São Paulo, (acima foto do Km 26 da SP - 270 por volta das 18hs).
Aos governos somente interessa autorizarem a implantação destes empreendimentos, transformando-os de Bairros de direito em “falsos condomínios” a revelia da Lei Federal 6766/79.
Estes espécimes de “jornais-propaganda”, sempre estampam uma publicidade de empreendimentos na região e trazem matérias leves, suaves indicações de terapias, receitas culinárias, tratamentos de beleza, conselhos familiares de como educar seus filhos...para atenuação do real impacto que os produtos que propagam causarão.


Alguns se preocupam em alardear que são "jornais legalizados".

Tão "legalizados" quanto os "falsos condomínios" que divulgam.




Portanto, ao receberem um lindo panfleto ou um gratuito jornal na região Oeste da Grande São Paulo, principalmente no Butantã, na Granja Viana e na Raposo Tavares, analise bem o “Conteúdo” (outro nome de espécime panfleto-publicitária regional), e não compre rato por gato.
Dr. Ricardo A Salgueiro - Médico